26/01/2010




QUANDO VISITEI CLARICE...

Fui visitar a poetisa
encontrei muitas folhas
espalhadas pelo chão
letras, escritos, desde a janela até o portão
havia poesia até mesmo no colchão

Coisas profundas de sentimento e angústia
névoa, fumaça, recortes em gavetas submersas

Reconheci ali um ser humano
cheio de medo do frio
que criara um mundo novo
pra poder ainda ter esperanças

Ela mesma confessara
o quanto os versos resgataram sua alma
e declarou que sem os escritos estivera morta

ou vi atento, assisti enlevado
a tanta beleva que brotava solta
do fundo de sua alma

Tanta simplicidade pra dizer o que todos sentem
tantas noites tristes ao som da fumaça de um cigarro
tantas coisas guardadas no mais profundo, fundo, de um armário
 

19/01/2010

O QUE SOU




Palavras inconsequentes
sons estridentes 
e eu sou a raiva
por minutos
mas sou...

Atos indiferentes
cenas mornas
pensamentos tortos
eu sou ciumes
por instantes
mas sou...

Adeus, saudades, distância
palavras curtas pra
sentimentos longos
eu sou a dor
que se prolonga
mas sou...

Tristeza, ódio, decepção
é oco o coração
eu sou emoção
mas sou

Há tantos fatos, atos, lados
eu sou tudo e tanto o que já passou
que restou algo óbvio
e o que ficou
é que me dá forças pra continuar
a sentir e vivenciar

só sei
que já nem sei mais o que sentir
porque realmente
o que me resta é o que sou
indefinidamente
sou algo simples
SOU AMOR


Já que sou, só me resta então a sina de vive-lo...