25/08/2009

PARTES




PARTES

O que é um sorriso,
Sem o rosto ?

O que é um beijo,
Sem o gosto ?

O que é o poeta,
Sem uma caneta ?

O que é um verso,
Sem um papel ?

O que é um amor,
Sem saudade ?

O que é um bêbado,
Sem uma canção triste ?

O que é um coito,
Sem cansaço ?

O que é um desejo,
Sem sede ?

O que é a claridade,
Sem uma janela pra entrar ?

O que é o por de sol,
Sem alguém pra admirar ?

Para cada coisa
Existe a sua parte
Que não é a coisa,
Mas faz parte

O que sou eu
sem você ?
Metade de mim
Que existe sem sentido
Vagando solta...sem porquê

24/08/2009

Axioma



AXIOMA
do Lat. axioma + Gr. axíoma, opinião, dogma s. m., proposição evidente; proposição que não carece de demonstração; máxima; sentença.

Vivi todos os meus amores
Intensamente...
Vou lembrar de seus sorrisos
Eternamente...
Vou amá-los dentro de mim
Incessantemente...
E procurá-los em outros amores
Incansavelmente...

O que escrevo são fatos
Que desembocam em advérbios
Verdades inteiras,
Profundas
e
Cicatrizadas
Em meu corpo nú

Pincel de tintas de minha alma
Aquarela de que sou feita
Feita de
Amores
Fatos
E advérbios raros..

Somos todos ao final de cada história
Um amontoado de Adjetivos claros

19/08/2009

Ser Humana


Ser Humana

Invejo a pedra
Queria ser como ela
Ser pedra é ser dura, estática, fria
Ser pedra é ser forte
Ser pedra é não ter o norte

Invejo a tolice
Queria ser como os tolos
Porque os tolos não leram livros
E nem não procuram respostas
E eu...que nada sei, se ainda procuro,
É porque nada sei mesmo

Invejo a malícia
Pois assim saberia lidar com a maldade alheia
Sorrindo sarcástica a cada traição
Não mais iria me decepcionar,
Nem esperar, nem acreditar

Invejo a insensatez
E confesso : queria não mais ser tão sábia
Pra parar de desconfiar, questionar, argumentar
Porque apesar de tão sábia com os problemas dos outros
Sou ingênua e ineficaz com meus próprios terrores

Invejo a pedra
Queria ser como ela
Ser pedra é ser dura, estática, fria
Ser pedra é ser forte
A pedra não tem o corte

Mas o que temos nós os humanos de pedra ?
Se somos duros, frios, estáticos e fortes ?
Somos meros verbos a conjugar incessante a vida
Que se descortina nua e crua

No fundo, somos todos humanos
Nada temos de pedra
Somos fracos, perdidos em cada caminho
Esperando alguém tropeçar em nós
E dizer...ei acorda !!!!

No fundo somos todos tolos
pensando que somos sábios
No fundo estamos no fundo
E somente quando acreditamos em algo
É que nos vem o oxigênio
pra subir a tona e novamente respirar

No fundo somos sonhadores,
Que acreditam no sonho bom
E não querem do bom nunca mais acordar....

Invejo a pedra
Queria ser como ela
Ser pedra é ser dura, estática, fria
Ser pedra é ser forte
Mas eu tenho a morte,
à pedra já não cabe o morrer
...

12/08/2009

AMOR DE POETA



AMOR DE POETA


Eu quero um amor de poeta
Porque poeta quando ama
Se esquece da hora
Nunca mais vai embora
Se é chuva lá fora
É luar aqui dentro

Eu quero uma lua dentro do quarto
Que a lua engrandeça as paredes
E quebre o concreto, transpasse o tempo
E rasgue portas, faça voar notas
E deixe passar o vento

Eu quero um luar dentro de mim
Com luz clara onde era antes escuridão
Com ar afoito onde bate um coração
Com cheiro de grama molhada
E liberdade alada pra rodopiar por nada

E dentro de mim vou misturar tudo
Amor de poeta, sem hora
Algo doce que escorre no peito, chuva lá fora
Roupa molhada ao corpo colada
Transparecendo os peitos
Lua no quarto, num só ato
Quarto sem portas
Nem paredes nem coisas mortas

Porque sou menina, sou criança,
Sou a mulher que dança
Giro solta pro poeta
Pra que o poeta se encante
e me ame sempre e cada vez mais...

10/08/2009

ABRIGO



ABRIGO

E então, fez se o encanto
Toquei teu corpo
Tua alma veio a tona
Encantados éramos
Eu e ti
Em desespero, rancando os trapos
Éramos gozo, beijos, toques e cansaço

E depois, que se desfez o laço
Acordei inquieta com teu corpo quente ao meu redor
E senti me pequena diante de tanto sentimento
Guardado desde a noite anterior

E veio me o medo
Medo de precisar de ti
Medo de esquecer de mim
E só lembrar de ti

Medo de amar te tanto
Que esqueceria a mim mesma
Medo de sufocar-te até virares a mesa
Sai me arrastando da cama prazeirosa
Guardei as roupas e silenciosa
Fugi de ti alucinada
Queria que fosses página virada
Aproveitei o silêncio da escura madrugada

Mas eis... que ouvistes meus passos próxima a porta
Correstes calmo pra alcançar minha alma quase morta
Pegastes me no colo, num longo beijo
apertando me a ti em louco desejo
Dizias baixinho ao meu ouvido
Não te vás,
Fica comigo
preciso de ti...és meu abrigo

07/08/2009











ESCOLHAS

Mesmo a dor é sozinha
Porque se escolhe a cada dia
O passo que se dá
E a incerteza de tropeçar
Faz também parte do caminhar

Até o sorriso é uma incerteza
Porque se escolhe a cada dia
Pra quem olhar
Quando e como tocar

A cada bafo de cansaço,
Respiração ofegante
Dor no corpo
Coisa lancinante

Não importa o que fizer
Tudo terá seu próprio resultado
E a culpa será apenas
Por cada sorriso, dor ou escolha que se faz

Todo viver é sozinho
Toda respiração é única
E é por isso que a cada dia
Amantes se procuram sedentos
Tentando esquecer o relento
dos dias que se arrastam a cada viver

Pois cada momento de ternura
Apaga a sensação de loucura
De responsabilidade e culpa
Por cada passo que se deu no antes

E cada momento de compartilhar
Traz a ilusão de que vale a pena ainda sonhar
Cada momento de mãos entrelaçadas
Transforma num minuto a tristeza em contos de fadas

Amizade, companheirismo, seja lá o que isso for
Tudo é parte do mais nobre sentimento: AMOR
Amor que segura as mãos
Amor que enlaça os corpos
Amor que traz a alma algum alento
Pros dias não serem tão sérios, sozinhos e iguais

05/08/2009

Renascimento



Qual por do sol
Renascem em mim cores fartas
Matizes soltos
Em colorida confusão

E eles, mudos;
Cheios de silêncio
Assistem pasmos à transformação

Qual areia
O amor esvaiu-se por minhas mãos

Qual aguardente
Sua falta ainda queima em meu corpo

Qual ar rarefeito
Procuro-te em todos os vãos
e
Sem encontrar
Chego exausta à superfície
E enfim...
Respiro profundamente.

Logo ali, à beira do rio calmo;
Jazia agora a morta nua
Mais à frente,
Na paisagem multicor
Renascia um novo ser
Tudo ainda estava por vir
Na mulher criança que reascendia a sorrir...