19/10/2010

VULGARIDADE



Se me chamas vulgar e volúvel
Sim, eu sou!
Mas não tenho como esconder o amor que a cada dia descubro
Por tantos, ao mesmo tempo, eu amo de tantas formas
Louca eu sou!


São muitos nomes os meus amores
Barba por fazer, são homens feitos,
Outros carecas, são homens de todos os jeitos
Passam a toda hora pela minha janela

E a cada dia me encantam com versos,
trocadilhos, piadas e histórias
Então me entrego e sou só deles por algumas horas
Sumo do mundo, nem adianta me procurar
Estou escondida, namorando eles, em algum lugar


Amo a Fernando, por seus trocadilhos
Amo a Fernando em cada Pessoa
Amo Carlos, por suas letras tocantes
Amo a Carlos em cada Drummond


Amo a Nelson em suas impurezas
Amo a Nelson em cada Rodrigues
Amo Mario por seu jeito simples
Amo a Mario em cada Quintana


E amo tanto a eles que os convido para virem aqui
Estirarem os pés no meu sofá branco
Tomar um café com bolo de fubá
Ou um licor doce num copo minúsculo


E quem chegar e olhar as estantes
Vai ver que não é só de homens que gosto
Voluptosa amo também as mulheres
Florbela, Cecilia e tantas outras

Escorre algo pelas prateleiras
Sujando os livros e os adornos
É um amor puro pelos versos alheios
quisera eu que fossem meus os teus versos
pois que dizem tanto o que sinto como eu quisera dizer um dia


Amo a tantos que, descarada, como eles tento ser:
Poeta ou poetisa, o que bem entender....

14/10/2010

Poeta noturno


noite fria
quase madrugada
atrasado...chegaste


Vinho branco
taças cheias
queijo farto
beijos, abraços...ficaste


Sorrisos lentos
olhares cortantes
mãos entrelaçadas
roupas jogadas...amaste


Movimentos lentos
dança rápida
respiração ofegante
gritos, sussurros, grunhidos
esquecido entre os lençóis...cansaste

Sorrisos na escuridão
bocas, pernas, copos, corpos
quietude enfim
abraço morno e silêncio...dormiste


hora tardia
raia o dia
cabelos em desalinho
bocas (ainda) de vinho

mantenho sigilo
sono tranqüilo
e lá seu foi o meu amor...