19/06/2014

DESPEDIDA

Deixa me ir
Porque já sou tua
Se eu me for
É apenas meu corpo que se afasta de ti

Pois meus olhos
Que me acompanham
Carregam consigo as imagens
De teus olhos nos meus

Minhas mãos, meu toque
Que também acompanham este meu corpo
Trazem consigo teu toque, teu cheiro
Teu gosto no meu

Mesmo que não queiras que eu me vá
Tens de entender
Que é apenas meu corpo que perambula pelas ruas
Sou mera carne que já foi tua

Pois minha alma
E o mais profundo do meu ser
Contigo permanece

Quieta, muda, grudada a ti
Absorvendo cada hora
Do amor que juntos tivemos

Se  sou corpo que anda formoso por ai
É a lembrança de ser tua
Que me traz a boca um sorriso
E a esperança de tocar te novamente
É que me move a alma sedenta

Pois tenho sede de ti
Deste sentimento doce
Que enleva a alma criança

Sou sede de ti
Que me tocou tão profundo
E trouxe-me a tona
A louca mania

De ser feliz outra vez...

ILUSÃO


Eu sonho contigo
com o que acho que tu és
com o que encontro em ti
e que já está dentro de mim
mas...qual seria o teu mérito se  “tal amor” já existia dentro de mim ?

Irônica.. bato palmas !
Dou parabéns ao acaso que te colocou a minha porta
Dou parabéns às minhas mãos que te disseram : “Muito Prazer!”
Dou parabéns ao meu olhar que se dirigiu a ti

Mesmo que nunca existisses
Eu encontraria o amor por ai
Pois  “tal amor”  já havia latente aqui
Quieto e pulsante dentro de mim

Não penses que és o rei de minha vida e de meus pensamentos
No fundo, a realidade é que
És mero reflexo de meu sentir
O tamanho que tens sou eu que te dou
Te faço existir, te controlo, te recrio

És papel amassado em folha de seda
Rio, te invento, gargalho...
Louca incontida
Depois ...choro
Meu amor se foi sem avisar
Voava leve numa folha amassada

Ao vento que passava pela janela da sala de estar

14/06/2014

Deslizar


Calor
Topor
Ardor
Mal respirar...

Minhas mãos deslizam pelo seu suor
A alma gruda
quero seu calor
Matar meu ardor
E enfim...respirar

Nossos corpos vãos
Entre suores
e gemidos
depois do gozo
para cada canto

deslizar...

Palavras ao bêbado




Eu era doce
Até beberes do meu liquido
Por seu amor

Hoje sou amarga
E queimo incessante sua garganta
Detesto o ser em que me transformei
Por seu amor

Você é nada
Ser que se arrasta na multidão
Deixando seca aquela que tanto sorvias

Servi para calar seu silêncio, sua solidão
Agora, com a sede morta,
Enfia a mão no bolso, arranca uns trocos
Me larga e vai embora

Mas não se preocupe
Sabão, esponja e água hão de lavar minha alma
Os gestos leves do balconista hão de secar minhas lágrimas

Estarei pronta no escorredor de pratos
Aguardando pelo próximo bêbado
Para que possa enfim consolar
Sou perfeita alegria

Sou um copo barato

13/06/2014

Poetisa Lancinante: INSPIRAÇÃO

Poetisa Lancinante: INSPIRAÇÃO: Abro um novo arquivo Pra tentar encontrar O conjunto que forme um poema Juntar letras, versos, virgulas, linhas, Mas nad...

12/06/2014

INSPIRAÇÃO




Abro um novo arquivo
Pra tentar encontrar
O conjunto que forme um poema

Juntar letras, versos, virgulas, linhas,
Mas nada rima
A poesia não vem
E pulo tola por cada palavra

Mas nada aparece
A poesia não vem

Quase sem notar
repentinamente vejo
A página cheia
De tanta procura
de tanta loucura
De tanto buscar

Está cheio de poesia na página
Pula em cada letra, casa com cada som
E mesmo sem tom
Há certa rima

Volto a escrever
Acho que existo
A morte do silêncio das palavras foi-se

De mim
Restou o poema
Que sem perceber

O poeta aqui deixou

08/06/2014

BOLAS DE GUDE


As bolas
Tão tolas
Se batem
Se tocam
Se empurram
Se bastam

Em pequeno espaço
Se espalham
Procuram o vácuo
Fazem algum estardalhaço

As bolas
Tão claras, escuras, verdes, azuladas
Se tocam, mas não se abraçam
Se descolam descaradas

As bolas
Se não fossem de gude
Seriam um grude
Mas por causa do cristal que reluz
Em cada bola
Não podem grudar-se
Então
Se repelem
Se repetem
Em brincadeiras de criança

As bolas de gude
Acertam em cheio
O chão de terra batida
E depois vão pro saco
Quietas
Juntas

A espera da próxima partida.

07/06/2014

TORMENTO


A cada rabisco no papel
Te amo dentro de mim

A cada frase terminada
Te mato dentro de mim

A cada verso desconexo
Te odeio

A cada rima mal feita
Te desprezo

A cada poema terminado
Te termino no papel

Mas aqui dentro ...nada disso
Ainda vive tanto sentimento
Que nem rabiscos, frases, rimas, e poemas
Conseguirão terminar

Fácil é escrever e acabar com tudo no papel
As linhas são minhas ilusórias aliadas
Ali termina a raiva, a magoa, a pressão

Difícil é conviver com meus demônios internos
Silenciá-los a cada noite
Tormentos que me fazem perder a razão
E voltar incansável a escrever

Frases soltas
Palavras pequenas
Para sentimentos presos
Para tormentos imensos

Cala a minha alma no papel
Solta a minha alma pela noite
Vôo solta pelas janelas
Ah...desejo insana 
que o tormento fique no papel que amassei
Ontem a noite...