30/08/2014


A pior solidão
é a do pensamento
saber-se só 
em idéias
em ideais
em tormentos
sem iguais...

04/08/2014

Carta ao Ego



Tantas pessoas dentro de mim
Tantos adjetivos esparsos
Que sou
E mudo a cada instante
Ao longo do gotejar da vida

Estas pessoas existem a cada tempo
E eu as deixo vir
Sentar-se a mesa comigo
Aquietar-se em minhas poltronas amarelas
Esticar as pernas em minhas almofadas

Converso com elas
Com seus tempos
Com suas certezas
E seus sentimentos

Depois...deixo-as ir

Que sigam seu tempo...ó pessoas em mim
Que não me aprisionem às suas idéias
Pois o que lutei outrora, o ontem
Não me move mais
O que defendi outrora, o ontem
Não me diz mais quem eu sou

Hoje sou alma livre
Que vive o Agora

Pois de tudo já desapegou

01/08/2014

Sem versos


Procuro folhas em branco
Pra minha alma desabar
Procuro folhas em branco
Pra tanta tristeza colocar
Folhas
Folhas
Folhas
Em branco
Espaços pra tudo colocar

Mas o branco sufoca os espaços
de minha alma negra

e nada mais sei escrever

COISAS DE MENINA QUE OLHA PRO TETO DE PERNAS PRO AR...


Eu sei que não adianta pensar no passado
Porque ele já foi, já era
não volta mais

Mas às vezes me pego pensando
como seria minha vida...
Se não tivesse atravessado aquela rua ?
Se morasse na mesma casa desde menina ?
Se não tivesse pulado a janela pra ir namorar escondido ?

Porque...
Se eu não tivesse atravessado a rua,
Ficaria parada na mesma calçada
Se eu morasse na mesma casa desde sempre
Morreria de tédio da mesma paisagem
Se eu não tivesse pulado a janela
Nunca saberia o gosto do proibido

Então hoje em dia
Quando vejo tanta mudança em minha vida
Horários trocados, caixas fechadas, roupas perdidas no meio da bagunça
Penso que tudo aquilo deve ter um porquê
Mesmo que eu ainda não saiba qual é

Devo sim, viver um dia após o outro
Sem tentar entender o amanhã
Sem apego ao passado
Pois cada tempo contém a sua magia
E a vida é assim, 
simplesmente feita de dias e dias

Pra mudar de praças, alamedas, avenidas
Pra contemplar outros ares, novas paisagens
Pra pular outros muros e sentir o gosto do novo
Pra sentir frio na barriga a cada encontro

Ainda assim... vem a saudade
Da janela que pulei
Do beijo que dei escondido
Da casa que nem sei mais onde fica

Nestas horas em que me pego pensativa
Olhando pro teto e pensando comigo:
pra que existe o hoje,

se nem vivemos o ontem e nem o amanhã ainda ?