Vou deixar a porta aberta
pra quando você chegar
não repare nas janelas abertas
nem nos móveis fora do lugar
Assim é minha casa
espelho de minha alma,
imperfeita como eu sou
coisas tortas, nunca mortas
estantes coloridas
flores repartidas
tenho a lua na parede
e a alma de luar
E quando você chegar
juro que outra pessoa vou tentar ser
tentarei não comparar fatos e coisas
tentarei não esquecer nomes e horas
mas não sei por quanto tempo
vou conseguir ser perfeita pra você
porque é assim que realmente sou
esqueço das horas a cantar
perco as chaves porque deixei fora de lugar
e pra mim não há lugar pra nada
quando lá fora é noite, madrugada
e você vai entender muito mais de sorrisos
e canções que você nunca pensara escutar
vai aprender a olhar lagos
e o que contém mãos entrelaçadas e olhos nos olhos
eu só sei da porta que deixei aberta
e do meu coração que anda descompassado
ansioso e louco a te esperar
eu só sei da flores que arrumei num vaso
das toalhas novas e do abajour multicor
eu só sei do beijo que te darei em poucos instantes
pra não deixar você notar as paredes flamejantes
pra prender te em meu abraço
matar tua sede e esquecer o cansaço
eu só sei do som lindo de nossos risos juntos
das frases soltas que ajudaremos a compor
eu só sei que tudo o que espero
muito mais é certo é claro
e a lua lá fora sabe de tudo
o que eu já chorei, lamentei e sofri
mas ela nada vai te contar de mim
e nem precisa perguntar
basta me olhar, me tocar e sentir
porque apesar de ser feita de tantas imperfeições
há algo reluzente em mim
que te quer ao meu lado
que não quer te ver partir...
Um comentário:
Pergunta sem resposta.
Sentada no seu quarto, ela começa a perguntar:
- Qual é a cor da solidão?
Monique Targino
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